Basta você me lançar
Esse seu olhar-ventania
Que minhas portas e janelas
se abrem de par em par
em completo descompasso
em total desarmonia
É esse vendaval nordeste
varrendo inteiro meu corpo
rasgando todas minhas vestes
levantando poeiras adormecidas
espalhando folhas rascunhadas
expondo frases inacabadas
pedaços perdidos de uma vida
revirando a ponta do lençol
só metade amarrotado
que reflete à luz do sol
a forma do corpo amado
e há muito esquecido
Esse vento que me trespassa
feito punhal em carne macia
minh’alma-balão, devassa
menos enche, mais esvazia
Mas, um dia, ao pressentir
Esse olhar que me sacode o pó
Ah, um dia eu me tranco todo
E aí você vai ver só...
quarta-feira, 9 de setembro de 2009
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7 comentários:
Você como sempre escrevendo otimamente bem!Pena que não escreve mais para mim...Será que nem podemos nos falar?Pra que tanto silêncio? O email é o mesmo.Abraços!Saudade...
Cara Anônima,
No outono, um belo dia,
versos anônimos ganhaste
e imediatamente alucinaste
a origem daquela poesia:
era de quem te amava
— era dele, só podia! —,
e quem por ti tanto sofria,
alegre, tu imaginavas,
era quem tanto amavas.
Longo tempo foi preciso
de choro e contradições
até poderes dissociar
essas duas deduções:
quem contigo sonhava
não era quem tu amavas:
quem te amava era o poeta,
aquele que a ti escrevia
cartas de amor repletas
de sonhos sonhados de dia.
Não era quem tu querias
— e não ias querer jamais!? —,
apesar de amar as poesias.
Hoje ele não te escreve mais.
Isso era o que não previas.
E agora tu alucinas, aos gritos,
o destino dos belos escritos
que, sabes, ele ainda envia.
PS.: Se eu souber quem é você, quem sabe podemos nos falar...? rsrsrs
mas eu conheço esses versos finais hein! kkkkk
liiinda poesia.
bjo!
É verdade, Milena, esta é uma poesia ao contrário. Afinal, ela surgiu dessa sua frase "Ah, um dia eu me tranco toda, e aí você vai ver só...". bj
ui tem alguem apaixonado aqui? hahaha
=*
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