quarta-feira, 21 de abril de 2010

O Segredo

Segredo é coisa que se descobre com jeito
Sem forçar a entrada, sem arrombamento
É preciso paciência e um pouco de ciência
Para fazer com certeza e de modo bem lento

Dez abraços à esquerda - um respiro
Espere
Volte cinco à direita - cinco suspiros
Recupere-se
Enlace com mil braços - mil transpiros
Pare
Vinte beijos à esquerda - vinte conspiros
Não pare
Mais vinte, à direita - um retiro
Separe

Volte, de mansinho
Agora, com amor, capriche
Quarenta beijos no meio
Contados um a um
Mas não atice
Fique assim, em devaneios
Perca-se em fetiches
Em rendas e debruns
Enrosque a mão na fechadura
Sentindo o pino frouxo
Não abrande a empunhadura
Procure o botão de combinação
Anexado ao eixo central
Alinhe as engrenagens
Uma para cada número
Gire o botão com cuidado
O sensível pino de movimento
Que põe em giro o engate adjunto
Chamado pêndulo de engrenagem
Prepare-se para a louca viagem
Quando o acionamento é conjunto
Engrenagens e entalhes em alinho
Tudo gira, gira, gira... em torvelinho

Falta apenas liberar a proteção
Que bloqueia o caminho do pino
Com cuidado e muito tino
Libere-a com jeitinho, com paixão

Pronto
Quanto tudo se alinha
Está formada a abertura
Agora, com candura
Concentre-se nos detalhes
Deixe o pino deslizar
Calmamente, sem receio
A buscar seu entalhe
Em baixo relevo
Sem a proteção habitual
Mirando bem no meio
Ele se alojará, sexualmente correto
Em seu habitat natural

Ao ouvir o estalido
Aguce o ouvido
Relaxe o corpo
E aumente o gemido
De prazer ou de dor

Eureka!
Você descobriu o segredo
Do cofre do amor