quinta-feira, 7 de maio de 2009

Exéquias

Assim prescreve o Talmude
para os casos dessa sorte,
e não tomo outra atitude
nem tento outro norte...
Ponho logo luto oficial.
Oito horas após a morte —
de desgosto, morte matada,
de traição, de emboscada —,
lavado e ungido com perfumes,
celebro os fúnebres rituais,
todos os ritos habituais,
e o levo para a sepultura
em padiola de féretro aberto,
segundo o tratado Baba bathra.
E essa é toda recomendação
para o assunto de que se trata:
enterrar meu coração!

Depois sigo as obséquias:
rasgo todas minhas vestes,
abandono-me ao meu leito
deito cinzas na cabeça,
deixo a barba ir-me ao peito,
do cabelo esqueço o corte,
retiro-me para o pão de luto.
Bebo, mas com altivo porte.

Mas não cumpro as exigências,
rejeito algumas condolências.
Se Alguém me bate à porta,
pensando em me consolar, e,
“é Ela!”, alguém me avisar,
não mantenho as aparências:
bato a porta com estridência:
“Essa, aqui não entra!”

8 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anônimo disse...

Aêêê!!!! Fala de mim, mas quase não posta aqui também, hein?

Até que enfim um poeminha novo - muito elegante, por sinal. Adorei.

Ludmila Clio disse...

Êita que tá abusando das rimas!!

Anônimo disse...

Gostei! Estava com saudades das suas rimas. Bjs.

Rose Tunala disse...

Oi marcelo!

Andei um pouco atarefada nos ultimos dias, meus blogs ficaram abandonados. Só hoje vi seu comentário em minha crônica.

Vou lhe enviar algumas no e-mail, swe você achar que convém, poderá publicar na "Cachoeiro Cult".

Valeu a visita.

Grande beijo

Renata Mofatti disse...

Sempe bom ler Marcelo Grillo...

Kamila Zanetti disse...

Bebo, mas com altivo porte.

e além de tudo um dia usarei essa frase,rs =)

Clau disse...

Concordo com Renata, "é bom ler Marcelo grilo". E complemento: é bom conhecer e gostar de Marcelo.