sexta-feira, 21 de novembro de 2008

A Canetinha Azul

De pés e mãos atadas, literalmente, a menina-escritora não sabe mais o que fazer. Tem gesso nos pés, gesso nas mãos. Não pode andar, não pode escrever. E se sua vida são as letras, que mais pode ela fazer?

Lê e relê o dia inteiro, e sente seus olhinhos cansados. Mas não pode parar. É esta a sua vida. E continua a ler as letras que ama.

As mãos coçam, o pensamento escreve num papel virtual.

Papéis e canetas de todas as cores — presentes amorosos — estão espalhados sobre sua cama. A vontade de escrever, de rabiscar é tamanha... Mas a mão dói.

De repente, seus dedos tocam a caneta azul. É a sua preferida. Brinca com ela. E sente ciúmes da canetinha. Ciúmes de que mais alguém a toque. E ciúmes da própria caneta. Sente raiva. Queria poder escrever com ela. Mas tem pena de acabar com a tinta de seu presente amoroso preferido. E sua mão dói... O sono vem...

Acorda, de repente, com o quarto subitamente iluminado. E a menina vê a caneta correr sobre o papel, sozinha, bailando, escrevendo exatamente aquilo que ela está pensando.

E a mulher-escritora agora vê seus pensamentos se transformando em letras que vão ser admiradas, amadas... muito amadas!

3 comentários:

Paixão, M. disse...

que lindinho! muito singelo esse texto! sorte pra menina-mulher escritora ;)

Renata Mofatti disse...

... Da canetinha surgem novas cores! São rótulos, tampas, tintas espalhadas na cama. A menina-escritora não faz outra coisa que não seja "descrever" admirada o balé das letras a sua frente. É noite... Acaba a luz e ela vê um vagalume bailando no ar junto com as canetinhas multicoloridas. E ao tocar o inseto qual surpresa ela tem? O vagalume era mais um presente amoroso: uma caneta dourada feito ouro pronta para ser usada no livro da vida!!!

daniele disse...

Na vida muitas canetas passaram por nossas vidas para escrever nossa história, você foi uma delas bjsssssss