quarta-feira, 16 de julho de 2008

O gosto da rosa


Foi quando provei da rosa
— uma pétala rubra e saborosa —
que me olhaste assim, de lado,
com olhar de encantamento
e sorriso doce, admirado.

Pude ler teu pensamento,
ver tua cara de estranheza.

Tirei da flor uma pétala,
e quando te disse “Tome!”,
sorriste que é uma beleza!
— Muito obrigada, seu moço,
mas rosa não se come!

E eu quis te provar
que flor também é almoço,
quando é de amor a fome.
Por gostar do teu sorriso,
eu, galante e todo prosa,
perguntei pelo teu nome.
E respondeste, sorrindo:
— Me chamo apenas Rosa.

Nem precisavas, meu amor,
ter cheiro ou nome de flor.
Podias ser só Ana ou Maria,
que mesmo assim, de ti,
cada pétala eu provaria,
e em cada uma sentiria,
nos meus, o gosto dos teus
lábios cor-de-rosa.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sabe que estas foram as primeiras palavras suas que li? Foi na primeira edição da Cult. Encantei-me desde já com seu poetar suave e, como sempre, galanteador. Quero ler mais!

Anônimo disse...

Aaah! É tão lindo esse poema que eu vou comentar de novo! De tão bem que você escreve, sempre fico me indagando - como em suas outras letrinhas - se o causos são reais ou frutos de seu coração de escritor. Elegi "O gosto da rosa" como minha favorita.

Renata Mofatti disse...

E são pelos gostos das rosas, pelo seu verso e prosa que vou me encantando cada vez mais por suas letras maravilhosas... Marcelo, meu escritor preferido! Escreve com a alma o seu manifesto, o seu grito! Parabéns!!!

Anônimo disse...

Que rosa é esta que invade o ser, que inspira e manifesta pensamentos junto com o desejo de prová-lá? Será das mais comuns com perfume e sabor natural, que se tornam incomparáveis com o tempo? Ou aquelas de beleza rara, perfeitas e intocáveis, quase em extinção, que existem na imaginação?
Você sempre me surpreende!